Economia brasileira crescendo como nunca

Vejam abaixo matéria que peguei no financenter.com.br, a matéria original é do Valor
Sustentar o crescimento Algo extraordinário está acontecendo na economia brasileira.
Aparentemente, rompemos o padrão anterior de recuperação e crise cíclicas em 2005. Desde o início de 2006, a economia brasileira vem acelerando o crescimento, saindo do patamar de 3% ao ano para 5% ao ano. Neste ano que se encerra, o PIB deverá crescer mais do que 5% e o fluxo de geração de novos empregos está crescendo 25%, com acréscimo de cerca de 2 milhões de novos empregos formais. O mais relevante é que, desde início de 2004, enquanto o PIB cresceu 15%, a formação bruta de capital fixo cresceu 36%, e com sinais claros de aceleração no período mais recente, o que afasta os perigos de uma aceleração da inflação. Neste processo de aceleração do crescimento podemos perceber algumas mudanças estruturais significativas e deslocamentos nas expectativas de longo prazo do empresariado nacional.
Do ponto de vista estrutural, o dado mais significativo é que a composição da demanda agregada mudou no sentido de maior abertura comercial da economia brasileira. Enquanto as exportações cresceram cerca de 122%, desde o início de 1999, o PIB cresceu 33% no mesmo período. Isto tem diversos significados de extrema importância. Primeiro, abrimos mais a porteira através da qual o Brasil pode trazer para dentro a fronteira tecnológica, através da ampliação das importações, com possibilidades de acelerar o aumento de produtividade nos próximos anos. Segundo, invertemos a tendência dos últimos vinte anos e integramos mais o país ao comércio mundial, cujo dinamismo tem sido a locomotiva do crescimento econômico. Terceiro, ampliando o setor de produção de bens comercializáveis, tornamos a economia brasileira menos vulnerável às súbitas paradas no fluxo de capital do exterior, que vinham sendo sistematicamente a causa das crises cíclicas mostradas no gráfico abaixo. Quarto, com a ampliação da participação das importações na oferta total de bens, tornamos a nossa economia menos suscetível à inflação de demanda, podendo, portanto, o Banco Central conduzir a política monetária com maior flexibilidade.
 

 


 

Uma vez iniciada a aceleração, é preciso construir os pré-requisitos fundamentais para sustentar o crescimento, e há ainda um longo caminho a trilhar

 


 

Está havendo também uma mudança estrutural no sistema de financiamento, com uma verdadeira revolução no mercado de capitais. Apesar da “heróica” resistência do Banco Central e do sistema de crédito bancário, a superoferta de poupança externa, ou a escassez global de ativos, vem reduzindo, dramaticamente, o custo do financiamento de investimentos através da expansão do mercado de capitais (debêntures, securitização de recebíveis e direitos creditórios, emissão de ações, fundos de investimento em participações etc). Em outras palavras, o mercado de capitais está dando um “bay pass” no sistema gerador de altas taxas de juros, ampliando a captação de recursos via instrumentos alternativos de dívida, ações e capital próprio. Neste ano, as operações de debêntures, fundos de investimento em participações e emissões de ações deverão ultrapassar R$ 130 bilhões. Apenas pequena parte destes recursos convertem-se em novos investimentos produtivos, mas, para se ter uma idéia da magnitude, basta lembrar que a formação bruta de capital fixo no ano alcançou R$ 385 bilhões.
Os ciclos longos de expansão são sempre liderados por alguns setores que puxam os demais e por mudanças que provocam expansão da demanda real na economia. Em regra, os candidatos a setores líderes são aqueles que ficaram muito defasados no período anterior ou associados a inovações tecnológicas. Neste sentido, já estão ocorrendo deslocamentos das percepções de oportunidades de investimentos lucrativos em setores como habitação, infraestrutura física e educação, onde acumulamos enormes déficits nas últimas duas décadas. O mesmo está ocorrendo nos setores de energia e associados à tecnologia de informação, onde as inovações deverão ter impactos significativos, elevando a lucratividade. Existem também deslocamentos trazidos pelo sucesso das estratégias de crescimento da Ásia, particularmente da China e Índia, e são direcionados ao setor agropecuário. Assim, já é perceptível deslocamentos nas expectativas dos empresários em relação às oportunidades de investimentos.
É importante lembrar também que a aceleração do crescimento neste ano resultará em elevação da lucratividade das empresas e, se ela persistir nos próximos anos, as elevadas taxas de juros deixarão de ser obstáculos maiores ao financiamento dos investimentos, pois em regra os fundos internos participam com mais do que dois terços dos recursos destinados a investimentos produtivos das empresas não-financeiras. Taxa de juros elevada será mais um problema de natureza fiscal e cambial, por provocar desestabilização na conta de capitais, que cria obstáculo ao investimento.
As experiências históricas de crescimento acelerado por décadas mostram que o período de transição da estagnação ou semi-estagnação para este crescimento acelerado pode levar cinco anos para se consolidar. A aceleração inicial tem as causas mais variadas. No caso brasileiro tem sido um fantástico choque positivo nos termos de troca e oferta abundante de recursos internacionais a taxa de juros bastante baixa. Uma vez iniciada a aceleração, é preciso construir os pré-requisitos fundamentais para a sustentação do crescimento: elevação da taxa de investimento, desenvolvimento de mecanismos que evitem a apreciação da taxa de câmbio e que tragam estabilidade e reformas institucionais, removendo os obstáculos aos investimentos. Percorremos dois anos de aceleração, mas há ainda um longo caminho a trilhar.
Yoshiaki Nakano, ex-secretário da Fazenda do governo Mário Covas (SP), professor e diretor da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas – FGV/EESP, escreve mensalmente às terças-feiras.
http://www.funcex.com.br/
 

Valor Econômico

Crescer como nunca, É PRA JÁ!

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